quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Rilke
Em relação a tudo o que está por resolver no teu coração,
E que aprendas a amar as perguntas em si,
Como salas trancadas.
Ou como livros escritos numa lingua estrangeira.
Não procures as respostas que não te podem ser dadas,
Porque não serias capaz de as viver,
E a questão é viver tudo.
Vive as perguntas agora,
Talvez então, gradualmente,
Sem dares por isso,
Ao longo de um dia distante,
Encontres as respostas!!"
Rilke
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
domingo, 16 de setembro de 2007
Carta aberta para Renato Aragão, o nosso Didi.
Há alguns meses você vem me escrevendo pedindo uma doação mensal para enfrentar alguns problemas que comprometem o presente e o futuro de muitas crianças brasileiras. Eu não respondi aos seus apelos (apesar de ter gostado do lápis e das etiquetas com meu nome para colar nas correspondências).
Achei que as cartas não deveriam sem endereçadas à mim. Agora, novamente, você me escreve preocupado por eu não ter atendido as suas solicitações. Diante de sua insistência, me senti na obrigação de parar tudo e te escrever uma resposta.
Não foi por "algum" motivo que não fiz a doação em dinheiro solicitada por você. São vários os motivos que me levam a não participar de sua campanha altruísta (se eu quisesse poderia escrever umas dez páginas sobre esses motivos). Você diz, em sua última carta, que enquanto eu a estivesse lendo, uma criança estaria perdendo a chance de se desenvolver e aprender pela falta de investimentos em sua formação.
Didi, não tente me fazer sentir culpada. Essa jogada publicitária eu conheço muito bem. Esse tipo de texto apelativo pode funcionar com muitas pessoas mas, comigo não. Eu não sou ministra da educação, não ordeno as despesas das escolas e nem posso obrigar o filho do vizinho a freqüentar as salas de aula. A minha parte eu já venho fazendo desde os 11 anos quando comecei a trabalhar na roça para ajudar meus pais no sustento da família. Trabalhei muito e, te garanto, trabalho não mata ninguém. Estudei na escola da zona rural, fiz supletivo, estudei à distância e muito antes de ser jornalista e publicitária eu já era uma micro empresária.
Didi, talvez você não tenha noção do quanto o Governo Federal tira do nosso suor para manter a saúde, a educação, a segurança e tudo o mais que o povo brasileiro precisa. Os impostos são muito altos! Sem falar dos impostos embutidos em cada alimento, em cada produto que preciso comprar para minha família.
Eu já pago pela educação duas vezes: pago pela educação na escola pública, através dos impostos, e na escola particular, mensalmente, porque a escola pública não atende com o ensino de qualidade que, acredito, meus dois filhos merecem. Não acho louvável recorrer à sociedade para resolver um problema que nem deveria existir pelo volume de dinheiro arrecadado em nome da educação e de tantos outros problemas sociais. O que está acontecendo, meu caro Didi, é que os administradores, dessa dinheirama toda, não tem a educação como prioridade. O dinheiro está saindo pelo ralo, estão jogando fora, ou aplicando muito mal. Para você ter uma idéia, na minha cidade, cada alimentação de um presidiário custa para os cofres públicos R$ 3,82 (três reais e oitenta e dois centavos) enquanto que a merenda de uma criança na escola pública custa R$ 0,20 (vinte centavos)! O governo precisa rever suas prioridades, você não concorda? Você diz em sua carta que não dá para aceitar que um brasileiro se torne adulto sem compreender um texto simples ou conseguir fazer uma conta de matemática. Concordo com você. É por isso que sua carta não deveria ser endereçada à minha pessoa. Deveria se endereçada ao Presidente da República. Ele é "o cara". Ele tem a chave do cofre. Eu e mais milhares de pessoas só colocamos o dinheiro lá para que ele faça o que for necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas. No último parágrafo da sua carta, mais uma vez, você joga a responsabilidade para cima de mim dizendo que as crianças precisam da "minha" doação, que a "minha" doação faz toda a diferença. Lamento discordar de você Didi. Com o valor da doação mínima, de R$ 15,00, eu posso comprar 12 quilos de arroz para alimentar minha família por um mês ou posso comprar pão para o café da manhã por 10 dias. Didi, você pode até me chamar de muquirana, não me importo, mas R$ 15,00 eu não vou doar. Minha doação mensal já é muito grande. Se você não sabe, eu faço doações mensais de 27,5% de tudo o que ganho e posso te garantir que essa grana, se ficasse comigo, seria muito melhor aplicada na qualidade de vida da minha família.
Você sabia que para pagar os impostos eu tenho que dizer não para quase tudo que meus filhos querem ou precisam? Meu filho de 12 anos quer praticar tênis e eu não posso pagar as aulas que são caras demais para nosso padrão de vida. Você acha isso justo? Acredito que não. Você é um homem de bom senso e saberá entender os meus motivos para não colaborar com sua campanha pela educação brasileira.
Outra coisa Didi, mande uma carta para o Presidente pedindo para ele selecionar melhor os professores. Só escolher quem de fato tem vocação para o ensino. Melhorar os salários, desses profissionais, também funciona para que eles tomem gosto pela profissão e vistam, de fato, a camisa da educação. Peça para ele, também, fazer escolas de horário integral, escolas em que as crianças possam além de ler, escrever e fazer contas, possam desenvolver dons artísticos, esportivos e habilidades profissionais. Dinheiro para isso tem sim! Diga para ele priorizar a educação e utilizar melhor os recursos.
Bem, você assina suas cartas com o pomposo título de Embaixador Especial do Unicef para Crianças Brasileiras e eu vou me despedindo assinando... Eliane Sinhasique - MPDFP (Mantenedora Principal dos Dois Filhos que Pari)
P.S.: Não me mande outra carta pedindo dinheiro. Se você mandar, serei obrigada a ser mal educada: vou rasgá-la antes de abrir.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
FERNANDO PESSOA
FERNANDO PESSOA
O Eu profundo e
os outros Eus
NA FLORESTA DO ALHEAMENTO
SEI QUE DESPERTEI e que ainda durmo. O meu corpo antigo,
moído de eu viver, diz-me que é muito cedo ainda. . . Sinto-me
febril de longe. Peso-me não sei por quê. ..
Num torpor lúcido, pesadamente incorpóreo, estagno, entre
um sono e a vigília, num sonho que é uma sombra de sonhar.
Minha atenção bóia entre dois mundos e vê cegamente a profundeza
de um mar e a profundeza de um céu; e estas profundezas
interpenetram-me, misturam-se, e eu não sei onde estou nem o
que sonho.
Um vento de sombras sopra cinzas de propósitos mortos sobre
o que eu sou de desperto. Cai de um firmamento desconhecido
um orvalho morno de tédio. Uma grande angústia inerte manuseia-
me a alma por dentro, c incerta, altera-me como a brisa
aos perfis das copas.
Na alcova mórbida e morna a antemanhã de lá fora é apenas
um hálito de penumbra. Sou todo confusão quieta. . . Para que
há de um dia raiar?. . . Custa-me o saber que ele raiará, como
se fosse um esforço meu que houvesse de o fazer aparecer.
Com uma lentidão confusa acalmo. Entorpeço-me. Bóio no
ar, entre velar e dormir, e uma outra espécie de realidade surge,
e eu em meio dela, não sei de que onde que não é esse. ..
Surge mas não apaga esta, esta alcova tépida, essa de uma
floresta estranha. Coexistem na minha atenção algemada as duas
realidades, como dois fumos que se misturam.
Que nítida de outra e de ela essa trêmula paisagem transparente!
. . .
E quem é esta mulher que comigo veste de observada essa
floresta alheia? Para que é que tenho um momento de mo perguntar?
. . . Eu nem sei querê-lo saber. . .
A alcova vaga é um vidro escuro através do qual, consciente
dele, vejo essa paisagem. . . e essa paisagem conheço-a há muito,
e há muito que com essa mulher que desconheço erro, outra
realidade, através da irrealidade dela. Sinto em mim séculos de
conhecer aquelas árvores, e aquelas flores e aquelas vias em
desvios c aquele ser meu que ali vagueia, antigo e ostensivo
ao meu olhar, que o saber que estou nesta alcova veste de
penumbras de ver. . .
De vez em quando pela floresta onde de longe me vejo e
sinto, um vento lento varre um fumo, e esse fumo é a visão nítida
e escura da alcova em que sou atual destes vagos móveis e
reposteiros e do seu torpor de noturna. Depois esse vento
passa e torna a ser toda só-ela a paisagem daquele outro mundo.
..
Outras vezes este quarto estreito é apenas uma cinza de
bruma, no horizonte d'essa terra diversa... E há momentos em
que o chão que ali pisamos é esta alcova visível...
Sonho e perco-me, duplo de ser eu e essa mulher. . . Um
grande cansaço é um fogo negro que me consome. . . Uma grande
ânsia passiva é a vida que me estreita. . .
Ó felicidade baça... O eterno estar no bifurcar dos caminhos!
. . . Eu sonho e por detrás da minha atenção sonha comigo
alguém. . . E talvez eu não seja senão um sonho desse Alguém
que não existe. . .
Lá fora a antemanhã tão longínqua! a floresta tão aqui ante
outros olhos meus!
E eu, que longe desta paisagem quase a esqueço, é ao tê-la
que tenho saudades d'ela. e é ao percorrê-la que a choro e a
ela aspiro. ..
As árvores! as flores! o esconder-se copado dos caminhos!. . .
Passeávamos às vezes, de braço dado, sob os cedros e as
olaias, nenhum de nós pensava em viver. A nossa carne era-nos
um perfume vago e a nossa vida um eco de som de fonte.
Dávamo-nos as mãos e os nossos olhos perguntavam-se o que
seria o ser sensual e o querer realizar em carne a ilusão do
amor. ..
No nosso jardim havia flores de todas as belezas. . . rosas
de contornos enrolados, lírios de um branco amarelecendo-se,
papoulas que seriam ocultas se o seu rubro lhes não espreitasse
presença, violetas pouco na margem tufada dos canteiros miosótis
mínimos, camélias estéreis de perfume. . . E, pasmados por cima
de ervas altas, olhos, os girassóis isolados fitavam-nos grandemente.
Nós roçávamos a alma toda vista pelo frescor visível dos
musgos e tínhamos, ao passar pelas palmeiras, a intuição esguia
de outras terras. . . E subia-nos o choro à lembrança, porque
nem aqui, ao sermos felizes o éramos. . .
Carvalhos cheios de séculos nodosos faziam tropeçar os nossos
pés nos tentáculos mortos das suas raízes. . . Plátanos estacavam...
E ao longe, entre árvore e árvore de perto, pendiam
no silêncio das latadas os cachos negrejantes de uvas. . .
O nosso sonho de viver ia adiante de nós, alado, e nós
tínhamos para ele um sorriso igual e alheio, combinado nas
almas sem nos olharmos, sem sabermos um do outro mais do que
a presença apoiada de um braço contra a atenção entregue do
outro braço que o sentia.
A nossa vida não tinha dentro. Éramos fora e outros. Desconhecíamo-
nos. como se houvéssemos aparecido às nossas almas
depois de uma viagem através de sonhos. . .
Tínhamo-nos esquecido do tempo, e o espaço imenso empequenara-
se-nos na atenção. Fora daquelas árvores próximas,
daquelas latadas afastadas, daqueles montes últimos no horizonte
haveria alguma cousa de real, de merecedor do olhar aberto
que se dá às cousas que existem?. . .
Na clepsidra da nossa imperfeição gotas regulares de sonho
marcavam horas irreais. . . Nada vale a pena, ó meu amor longínquo,
senão o saber como é suave saber que nada vale a pena. . .
O movimento parado das árvores; o sossego inquieto das fontes;
o hálito indefinido do ritmo íntimo das seivas; o entardecer
lento das coisas, que parece vir-lhes de dentro e dar mãos de
concordância espiritual ao entristecer longínquo, e próximo à
alma do alto silêncio do céu; o cair das folhas, compassado e
inútil, pingos de alheamento, em que a paisagem se nos torna
toda para os ouvidos e se entristece em nós como uma pátria
recordada — tudo isto, como um cinto a desatar-se, cingia-nos,
incertamente.
Ali vivemos um tempo que não sabia decorrer, um espaço
para que não havia pensar em poder-se medi-lo. Um decorrer
fora do tempo, uma extensão que desconhecia os hábitos da
realidade no espaço. . . Que horas, ó companheira inútil do meu
tédio, que horas de desassossego feliz se fingiram ali. . . Horas
de cinza de espírito, dias de saudade espacial, séculos interiores
de paisagem externa. . . E nós não nos perguntávamos para que
era aquilo que não era para nada.
Nós sabíamos ali. por uma intuição que por certo não tínhamos.
que este dolorido mundo onde seríamos dois, se existia,
era para além da linha externa onde as montanhas são hábitos
de formas, e para além dessa não havia nada. E era por causa
da contradição de saber isto que a nossa hora de ali era escura
como uma caverna em terra de supersticiosos, e o nosso senti-la
era estranho como um perfil de cidade mourisca contra um céu
de crepúsculo outonal.
Orlas de marés desconhecidas tocavam, no horizonte de ouvirmos,
praias que nunca poderíamos ver, e era-nos a felicidade
escutar, até vê-lo em nós, esse mar onde sem dúvida singravam
caravelas com outros fins em percorrê-lo que não os fins úteis e
comandados da Terra.
Reparávamos de repente, como quem repara que vive, que o
ar estava cheio de cantos de ave, e que, como perfumes antigos
em cetins, o marulho esfregado das folhas estava mais entranhado
em nós de que a consciência de o ouvirmos.
E assim o murmúrio das aves, o sussurro dos arvoredos e o
fundo monótono esquecido do mar eterno punham à nossa vida
abandonada uma auréola de não a conhecermos. Dormimos ali
acordados dias, contentes de não ser nada, de não ter desejos
nem esperanças, de nos termos esquecido da cor dos amores e
do sabor dos ódios. Julgávamo-nos imortais. . .
Ali vivemos horas cheias de um outro sentirmo-las, horas
de uma imperfeição vazia e tão perfeitas por isso, tão diagonais
à certeza retângula da vida. . . Horas imperiais depostas, horas
vestidas de púrpura gasta, horas caídas nesse mundo de outro
mundo mais cheio de orgulho de ter mais desmanteladas angústias
. . .
E doía-nos gozar aquilo, doía-nos. . . Porque apesar do que
tinha de exílio calmo, toda essa paisagem nos sabia a sermos
deste mundo, toda ela era úmida de um vago tédio, triste e enorme
e perverso como a decadência de um império ignoto.. .
Nas cortinas da nossa alcova a manhã é uma sombra de luz.
Meus lábios, que eu sei que estão pálidos, sabem um ao outro
a não quererem ter vida.
O ar do nosso quarto neutro é pesado como um reposteiro.
A nossa atenção sonolente ao mistério de tudo isto é mole
como uma cauda de vestido arrastada num cerimonial no crepúsculo.
Nenhuma ânsia nossa tem razão de ser. Nossa atenção é um
absurdo consentido pela nossa inércia alada.
Não sei que óleos de penumbra ungem a nossa idéia do nosso
corpo. O cansaço que temos é a sombra de um cansaço. Vemnos
de muito longe, como a nossa idéia de haver a nossa
vida. . .
Nenhum de nós tem nome ou existência plausível. Se pudéssemos
ser ruidosos ao ponto de nos imaginarmos rindo, riríamos
sem dúvida de nos imaginarmos vivos. O frescor aquecido dos
lenços acaricia-nos (a ti como a mim decerto) os pés que se
sentem, um ao outro nus.
Desengunemo-nos, meu amor, da vida e dos seus modos. Fujamos
a sermos nós. . . Não tiremos do dedo o anel mágico que
chama, mexendo-se-lhe, pelas fadas do silêncio e pelos elfos da
sombra e pelos gnomos do esquecimento. . .
E ei-la que, ao irmos a sonhar falar nela, surge ante nós, outra
vez, a floresta muita, mas agora mais perturbada da nossa perturbação
e mais triste da nossa tristeza. Foge diante dela, como
um nevoeiro que se esfolha, a nossa idéia do mundo real, e eu
possuo-me outra vez no meu sonho errante, que esta floresta
misteriosa esquadra. . .
As flores, as flores que ali vivi! Flores que a vista traduzia
para seus nomes, conhecendo-as, e cujo perfume a alma colhia.
não nelas mas na melodia de seus nomes.. . Flores cujos nomes
eram repetidos em seqüência, orquestras de perfumes sonoros.
Árvores cuja volúpia verde punha sombra e frescor no
como eram chamadas. . . Frutos cujo nome era um cravar de
dentes na alma da sua polpa. . . Sombras que eram relíquias de
outroras felizes. . . Clareiras, clareiras claras, que eram sorrisos
mais francos da paisagem que se boceja em próxima. . . ó
horas multicolores!. . . Instantes-flores, minutos-árvores, ó tempo
estagnado em espaço, tempo morto de espaço coberto de
flores, e do perfume de flores, e do perfume de nomes de
flores!. . .
Loucura de sonho naquele silêncio alheio!...
A nossa vida era toda a vida... O nosso amor era o perfume
do amor. . . Vivíamos horas impossíveis, cheias de sermos
nós. . . E isto porque sabíamos, com toda a carne da nossa
carne, que não éramos uma realidade. . .
Éramos impessoais, ocos de nós, outra coisa qualquer. . . Éramos
aquela paisagem esfumada em consciência de si própria. . .
E assim como ela era duas — de realidade que era, e ilusão
— assim éramos nós obscuramente dois, nenhum de nós sabendo
bem se o outro não era ele-próprio, se o incerto outro vivera.
. .
Quando emergimos de repente ante o estagnar dos lagos sentíamo-
nos a querer soluçar. . . Ali aquela paisagem tinha os
olhos rasos de água, olhos parados cheios de tédio inúmero de
ser. . . Cheios, sim, do tédio de ser qualquer coisa, realidade ou
ilusão — e esse tédio tinha a sua pátria e a sua voz na mudez e
no exílio dos lagos... E nós, caminhando sempre e sem o
saber ou querer, parecia ainda assim que nos demorávamos à
beira daqueles lagos, tanto de nós com eles ficava e morava, simbolizado
e absorto. . .
E que fresco e feliz horror o de não haver ali ninguém! Nem
nós, que por ali íamos, ali estávamos. . . Porque nós não éramos
ninguém. Nem mesmo éramos coisa alguma.. . Não tínhamos
vida que a morte precisasse para matar. Éramos tão tênues e
rasteirinhos que o vento do decorrer nos deixara inúteis e a hora
passava por nós acariciando-nos como uma brisa pelo cimo de
uma palmeira.
Não tínhamos época nem propósito. Toda a finalidade das
coisas e dos seres ficara-nos à porta daquele paraíso de ausência.
Imobilizar-se, para nos sentir senti-la, a alma rugosa dos
troncos, a alma estendida das folhas, a alma núbil das flores, a
alma vergada dos frutos. . .
E assim nós morremos a nossa vida, tão atentos separadamente
a morrê-la que não reparamos que éramos um só, que cada
um de nós era uma ilusão do outro, e cada um, dentro de si, o
mero eco do seu próprio ser. . .
Zumbe uma mosca, incerta e mínima. . .
Raiam na minha atenção vagos ruídos, nítidos e dispersos, que
enchem de ser já dia a minha consciência do nosso quarto...
Nosso quarto? Nosso de que dois, se eu estou sozinho? Não sei.
Tudo se funde e só fica, fingindo, uma realidade-bruma em que
a minha incerteza soçobra e o meu compreender-me, embalado
de ópios, adormece. . .
A manhã rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora.
. . Acabaram de arder, meu amor, na lareira da nossa vida,
as achas dos nossos sonhos.. .
Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque
cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque
traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos, ó Velada, do nosso próprio tédio, porque
se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angústia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos. . .
Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil
hirto da nossa Imperfeição. . .
quarta-feira, 25 de julho de 2007
Entre 4 paredes e 10 verdades...
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Você???? ...nem existe!!!!
Assumir a personalidade de outra pessoa não te faz melhor (ao contrario), pois, a sua essência é a mesma. Vigiar minha vida, copiar meus videos, estudar meus pensamentos, não te faz e nunca fará ser igual a mim, ou ser eu. Só te faz obsessiva. Só te faz insignificante... Porque alguém sem personalidade, é nada. Não é ninguém.Então como posso sentir raiva de nada? Seria perda de tempo...
Só posso lhe desejar que se cure. Que descubra quem você é. Que descubra seus prórpios gostos, que erga a cabeça e seja você. Seja só você!
Porque EU, sou única !!
segunda-feira, 16 de julho de 2007
A culpa é do estagiário!!!...treta...rsrs
Nâo chore por mim Argentina!!!!...rsrsrsrs
Fonte: Terra
sexta-feira, 13 de julho de 2007
PROCURA-SE UM BARRIGUDO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mulheres, leiam e pratiquem os conselhos dessa psicóloga!!! E homens leiam com atenção !!! Meninas, tenho um conselho valioso para dar aqui: se você acabou de conhecer um rapaz, ficou com ele algumas vezes e já está começando a imaginar o dia do seu casamento e o nome dos seus filhos, pare agora e me escute! Na próxima vez que encontrá-lo, tente (disfarçadamente) descobrir como é sua barriga. Se for musculosa, torneada,estilo 'tanquinho', fuja! Comece a correr agora e só pare quando estiver a uma distância segura. É fria, vai por mim.Homem bom de verdade precisa, obrigatoriamente, ostentar uma barriguinha de chopp. Se não, não presta.Estou me referindo àqueles que, por não colocarem a beleza física acima de tudo (como fazem os malditos metrossexuais), acabaram cultivando uma pancinha adorável. Esses, sim, são pra manter por perto. E eu digo por quê. Você nunca verá um homem barrigudinho tirando a camisa dentro de uma boate e dançando como um idiota, em cima do balcão. Se fizer isso, é pra fazer graça pra turma - e provavelmente será engraçado, mesmo. Já os 'tanquinhos' farão isso esperando que todas as mulheres do recinto caiam de amores - e eu tenho dó das que caem. Quando sentam em um boteco, numa tarde de calor, adivinha o que os pançudos pedem pra beber? Cerveja! Ou Coca-cola, tudo bem também. Mas você nunca os verá pedindo suco ou coca-light. Ou, pior ainda, um copo com gelo,pra beber a mistura patética de vodka com 'clight' que trouxe de casa. E você não será informada sobre quantas calorias tem no seu copo de cerveja, porque eles não sabem e nem se importam com essa informação. E no quesito comida, os homens com barriguinha também não deixam a desejar. Você nunca irá ouvir um 'ah, amor, 'Big Mac' é gostoso, mas você podia provar uma 'McSalad' com água de coco'. Nunca! Esses homens entendem que, se eles não estão em forma perfeita o tempo todo, você também não precisa estar. Mais uma vez, repito: não é pra chegar ao exagero total e tomar leite condensado na lata todo dia! Mas uma gordurinha aqui e ali não matará um relacionamento. Se ele souber cozinhar, então, bingo! Encontrou a sorte grande, amiga. Ele vai fazer pra você todas as delícias que sabe, e nunca torcerá o nariz quando você repetir o prato. Pelo contrário, ficará feliz. Outra coisa fundamental: homens barrigudinhos são confortáveis! Experimente pegar a tábua de passar roupas e deitar em cima dela. Pois essa é a sensação de se deitar no peito de um musculoso besta. Terrível! Gostoso mesmo é se encaixar no ombro de um fofinho, isso que é conforto. E na hora de dormir de conchinha, então? Parece que a barriga se encaixa perfeitamente na nossa lombar, e fica sensacional. Homens com barriga não são metidos, nem prepotentes, nem donos do mundo. Eles sabem conquistar as mulheres por maneiras que excedem a barreira do físico. E eles aprenderam a conversar, a ser bem humorados, a usar o olhar e o sorriso pra conquistar. É por isso que eu digo que homens com barriguinha sabem fazer uma mulher feliz. CARLA MOURA,PSICÓLOGA, ESPECIALISTA EM SEXOLOGIA E TERAPIA DE CASAIS P.S.: Essa é a declaraçao de amor mais calórica e oleosa que já vi em toda minha vida!!!..rsrsrs
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Soneto da Fidelidade
(Vinícius de Morais)
E tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meus pensamentos
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
DOUTOR CELSO CHARURI
Oamor é outra coisa.
"O amor não é algo que o faz sair do chão e o transporta para lugares que você nunca viu. O nome disso é avião. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que você esconde dentro de si e não mostra para ninguém. Isso se chama vibrador tailandês de três velocidades. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que te faz perder a respiração e a fala. O nome disso é bronquite asmática. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que chega de repente e o transforma em refém. Isso se chama seqüestrador. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que voa alto no céu e deixa sua marca por onde passa. Isso se chama pombo com caganeira. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que você pode prender ou botar pra fora de casa quando bem entender. Isso se chama cachorro. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa cinza que lançou uma luz sobre ti, o levou pra ver as estrelas e o trouxe de volta com algo dele dentro de você. Isso se chama alienígena. O amor é outra coisa. O amor não é uma coisa que desapareceu e que, se encontrado, poderia mudar o que está diante de você. Isso se chama controle remoto da TV. O amor é outra coisa. O AMOR é querer dar e receber: um cheiro, um beijo, um amasso, um bom dia, sem cobrar, sem dever."Gostei desse texto...rs
quarta-feira, 4 de julho de 2007
A Verdade
Ai, essa minha vidinha mais ou menos...
quinta-feira, 28 de junho de 2007
Depilação ou Tortura chinesa?...rsrsrsrs
“Tenta sim. Vai ficar lindo.”Foi assim que decidi, por livre e espontânea pressão de amigas, me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve. Mas acho que pentelho não pesa tanto assim. Disseram que meu namorado ia amar, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria pornô-ginecológica-estética.
- Oi, queria marcar depilação com a Penélope.- Vai depilar o quê?- Virilha.- Normal ou cavada?Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada. Mas já que era pra fazer, quis fazer direito.- Cavada mesmo.- Amanhã, às... deixa eu ver...13h?- Ok. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, porque sabia lá o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui. Assim que cheguei, Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas. Por trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas. Uma mistura de Calígula com O Albergue. Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão. Eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca, cercada de cortinas.- Querida, pode deitar.
Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca. Mas a Penélope mal olhou pra mim. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo. De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.- Quer bem cavada?- ...é... é, isso.
Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail, nome carinhoso de meu órgão, esqueci de apresentar antes.- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.- Ah, sim, claro.Claro nada, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei. De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça).- Pode abrir as pernas.- Assim?- Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado.- Arreganhada, né?Ela riu. Que situação. E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha virgem. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.
Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar. Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o Samu. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural. Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais.- Tudo ótimo. E você?Ela riu de novo como quem pensa “que garota estranha”. Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes.
O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.- Quer que tire dos lábios?- Não, eu quero só virilha, bigode não.- Não, querida, os lábios dela aqui ó.Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz, que idéia. Mas topei. Quem está na maca tem que se fuder mesmo.- Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor.Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.- Olha, tá ficando linda essa depilação.- Menina, mas tá cheio de encravado aqui. Olha de perto.
Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. “Me leva daqui, Deus, me teletransporta”. Só voltei à terra quando entre uns blábláblás ouvi a palavra pinça.- Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá?- Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada.Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
- Vamos ficar de lado agora?- Hein?- Deitar de lado pra fazer a parte cavada.Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens.- Segura sua bunda aqui?- Hein?- Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda.Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:- Tudo bem, Pê?- Sim... sonhei de novo com o cu de uma cliente.
Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu tuin peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá? Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto.
- Vira agora do outro lado.Porra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.- Penélope, empresta um chumaço de algodão?Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem? Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito. Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente.
- Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha.- Máquina de quê?!- Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol.- Dói?- Dói nada.- Tá, passa essa merda...- Baixa a calcinha, por favor.Foram dois segundos de choque extremo. Baixe a calcinha, como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável.- Prontinha. Posso passar um talco?- Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha.- Tá linda! Pode namorar muito agora.
Namorar...namorar... eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada. Queria comprar o domínio preserveasbucetaspeludas.com.br. Queria tudo.Menos namorar.
segunda-feira, 25 de junho de 2007
Tudo passa...
A vida é assim...
Ive Brussel
Composição: Jorge Ben Jor
terça-feira, 19 de junho de 2007
"O diabo só pode ser GAY !!!..."
E Deus fez a mulher... E houve harmonia no paraíso. O diabo, vendo isso, resolveu complicar. Deus deu a mulher cabelos sedosos e esvoaçantes. O diabo deu pontas duplas e ressecadas. Deus deu a mulher um corpo de Barbie. O diabo inventou a celulite, as estrias, o culote, as gordurinhas indesejadas e a magreza sem graça. Deus deu a mulher músculos perfeitos. E o diabo os cobriu com "onze" poglicerídios. Deus deu a mulher um temperamento dócil. E o diabo inventou a TPM. Deus deu a mulher um andar elegante. O diabo investiu no sapato de salto alto. Então Deus deu a mulher infinita beleza interior. E o diabo fez o homem perceber só o lado de fora.
Mas que droga !!!... Só pode haver uma explicação para isso:- "O diabo só pode ser GAY !!!..."